Respirando fundo, incerto do futuro
Caminho em direção da luz eu vou quebrando os muros
(Aqui sozinho, eu vejo a minha hora passar)
Fico sem saber onde isso vai chegar
Pretendendo melhorar sem medo de errar
(Ainda não sei como, mas mesmo assim eu vou tentar)
Eu te convido a sair da sua zona de conforto
A ruas não tem luxo, e nós não somos poucos
Sou a senhora sentada te pedindo esmola
Ou o menino fedendo, pedindo comida na central
Por apenas uns trocados você me nega refeição
E finge que eu não existo, me chama de ladrão
E me esqueçe num segundo, anestesiado
Ao meu sofrimento, me deixa de lado
Só lembra de mim quando vê uma favela na TV
Tiro pra todo lado, choro de bebê
Latido de cachorro, depois o silêncio
Mais uma vida se foi, ecoa a voz do lamento
Crianças morrendo dentro e fora da favela
Não é nada parecido com a porra da novela
Eu só sei que enquanto eu puder
Continuar um pouco mais, forte, forte
Eu só sei que se nada for mudar
Vou continuar um pouco mais, forte, forte
Eu só sei que enquanto eu puder
Continuar um pouco mais, forte, forte
Eu só sei que se nada for mudar
Vou continuar um pouco mais, forte, forte
A cada dia alguém vem me falar
Não confie em ninguém pois a tendência é piorar
(O medo nas ruas tem a tendência de aumentar)
Trancado em sua casa, você espera a morte
Pode atravessar a parede ou você pode dar sorte
De morrer de infarto ou morte natural
Nos dias de hoje parar num sinal
Por estar numa escola, com seus amigos
Um projétil de bala, seu maior inimigo
Pela sua cor, pela sua crença
Sexualidade, aumenta a diferença
E marca um alvo na sua testa
E eu aqui contando os dias que me restam
Eu só sei que enquanto eu puder
Continuar um pouco mais, forte, forte
Eu só sei que se nada for mudar
Vou continuar um pouco mais, forte, forte
Eu só sei que enquanto eu puder
Continuar um pouco mais, forte, forte
Eu só sei que se nada for mudar
Vou continuar um pouco mais, forte, forte